2008-06-12

O Prometido é devido



Naquele trilho secreto,
Com palavra santo e senha.
Eu fui língua e tu dialecto.
Eu fui lume e tu foste lenha.

Fomos guerras e alianças,
Tratados de paz e passangas.
Fomos sardas, pele e tranças,
Popeline, seda e ganga.

Dessa vez tu não cumpriste,
E faltaste ao prometido.
Eu fiquei sentido e triste.
Olha que isso não se faz.
Disseste se eu fosse audaz,
Tu tiravas o vestido,
E o prometido é devido.


Rompi eu as minhas calças.
Esfolei mãos e joelhos.
E tu reduziste o acordo,
A um montão de cacos velhos.

Eu que vinha de tão longe,
Do outro lado da rua.
Fazia o que tu quisesses,
Só para te poder ver nua.

Quero já os almanaques.
Do Fantasma e do Patinhas,
Os Falcões e os Mandrakes.
Tão cedo não terás novas minhas.

Dessa vez tu não cumpriste,
E faltaste ao prometido.
Eu fiquei sentido e triste.
Olha que isso não se faz.
Disseste se eu fosse audaz,
Tu tiravas o vestido,
E o prometido é devido.


Rui Veloso

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